Na manhã desta sexta-feira (18), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator das investigações que apuram uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Os agentes da PF estiveram na casa onde Bolsonaro reside, no bairro Jardim Botânico, e também na sede do Partido Liberal, no centro da capital, onde ele mantém um gabinete como presidente de honra da legenda. A operação foi confirmada oficialmente pela corporação.
Além das buscas, Bolsonaro foi alvo de medidas cautelares diversas da prisão. Entre as restrições impostas estão: uso de tornozeleira eletrônica, proibição de acesso às redes sociais, recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h), impedimento de se aproximar de embaixadas e de manter contato com embaixadores ou diplomatas estrangeiros. Ele também não poderá se comunicar com outros réus ou investigados no mesmo processo.
A defesa do ex-presidente se pronunciou por meio de nota, alegando surpresa e indignação com as restrições impostas. Segundo os advogados, Bolsonaro sempre colaborou com a Justiça e cumpriu todas as determinações. A defesa afirmou ainda que se manifestará formalmente após ter acesso à íntegra da decisão.
A ordem judicial foi emitida em um processo protocolado no STF em 11 de julho, que corre sob sigilo. Bolsonaro, atualmente réu na Suprema Corte, responde por uma ação penal que o acusa de cinco crimes relacionados à tentativa de manter-se no poder após a derrota nas eleições de 2022. Ele é apontado como líder de uma suposta organização criminosa que teria tramado um golpe de Estado.
O caso já está na fase de alegações finais e o julgamento deve ser iniciado até o início de setembro. Na véspera da operação, Bolsonaro reafirmou sua inocência e classificou o processo como “absurdo” e “sem cabimento”. “Eu não tenho que provar que sou inocente, eles que têm que provar que sou culpado”, declarou. Apesar de descartar qualquer possibilidade de fuga, disse estar pronto para enfrentar o julgamento: “Não passa pela minha cabeça prisão. Sou inocente. Mas vou enfrentar o julgamento, não tenho outra alternativa”.