20/11/2024 às 17h35min - Atualizada em 20/11/2024 às 17h35min
Cigarros Eletrônicos: Moda entre jovens de Venda Nova preocupa especialistas e comunidade
A comercialização de cigarros eletrônicos é proibida pela Anvisa desde 2009, mas a prática persiste no mercado informal e pela internet
freepik Cigarros Eletrônicos: Moda entre jovens de Venda Nova preocupa especialistas e comunidade
O uso de cigarros eletrônicos, ou vapes, vem crescendo entre os jovens de Venda Nova, seguindo uma tendência nacional que desperta preocupação. A combinação de sabores atrativos, design moderno e a ideia equivocada de serem "menos prejudiciais" tem conquistado adolescentes, mas especialistas e moradores da região alertam para os graves riscos associados a essa prática.
Os cigarros eletrônicos são dispositivos que vaporizam um líquido composto por nicotina, aromatizantes e outras substâncias químicas. Por não produzirem fumaça, mas vapor, passam a impressão de serem inofensivos. Os sabores variados, como frutas e doces, e a ausência de odor forte tornam esses dispositivos atraentes para o público jovem.
"Os adolescentes são seduzidos pela aparência moderna e pelos sabores que mascaram os reais malefícios. Muitos começam sem perceber que estão se tornando dependentes de nicotina, o que pode gerar consequências graves à saúde", alerta a psicóloga Clara Mendes.
Os riscos para a saúde
Especialistas destacam os danos causados pelos vapes, especialmente para adolescentes, cujo organismo ainda está em desenvolvimento. Segundo o pneumologista Dr. André Silva, "a inalação de nicotina pode causar dependência química e danos ao cérebro, afetando memória, aprendizado e controle de impulsos. Além disso, o vapor contém partículas tóxicas que podem levar a doenças pulmonares graves."
Entre os principais malefícios dos cigarros eletrônicos estão:
- Danos pulmonares: Substâncias químicas presentes no vapor, como acetaldeído e formaldeído, podem causar inflamação, lesões e até doenças graves, como bronquite crônica e doenças obstrutivas.
- Problemas cardiovasculares: O uso de nicotina aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, elevando o risco de doenças cardíacas e derrames.
- Impactos no cérebro: Em adolescentes, a nicotina prejudica o desenvolvimento cerebral, afetando áreas ligadas à memória e controle de impulsos, além de aumentar o risco de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão.
- Substâncias tóxicas: Muitos e-líquidos contêm compostos cancerígenos, como metais pesados (níquel e chumbo) e partículas ultrafinas que podem se acumular nos pulmões.
- Dependência química: A nicotina presente nos vapes é altamente viciante, criando um ciclo de consumo difícil de quebrar.
- Casos de lesões pulmonares graves associadas ao uso de cigarros eletrônicos já foram reportados em diversos países. Além disso, como muitos desses dispositivos são adquiridos de forma clandestina, a baixa qualidade dos líquidos agrava ainda mais os riscos.
Moradores de Venda Nova relatam o aumento do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes, especialmente em escolas e espaços públicos. Maria de Lourdes, mãe de um jovem usuário, compartilha sua experiência: "Meu filho começou a usar vape por influência dos colegas. Quando percebi, ele já estava dependente. É difícil controlar, porque eles escondem e os dispositivos são pequenos e discretos."
Carlos Henrique, professor em uma escola da região, também observa o impacto dessa moda. "Muitos estudantes acreditam que o vape é inofensivo, mas não têm noção dos riscos. Precisamos de campanhas educativas nas escolas para combater a desinformação."
Uso proibido
No Brasil, a comercialização de cigarros eletrônicos é proibida pela Anvisa desde 2009, mas a prática persiste no mercado informal e pela internet. Apesar disso, moradores de Venda Nova acreditam que a solução passa pela conscientização e diálogo.
"Precisamos falar sobre os perigos de forma clara e direta, especialmente com os jovens. A escola e a família têm um papel fundamental em alertar sobre os riscos", afirma Ana Beatriz, professora de uma escola municipal na região. Ela sugere que palestras com especialistas e campanhas educativas sejam implementadas para mais esclarecimento e orientações aos jovens.