07/01/2025 às 19h41min - Atualizada em 07/01/2025 às 19h41min
Gastos com material escolar impactam orçamento de 85% das famílias
Rovena Rosa / Agência Brasil As famílias gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024, segundo pesquisa inédita do Instituto Locomotiva e QuestionPro. O aumento foi de 43,7% em relação a 2021, quando os gastos somaram R$ 34,3 bilhões. O levantamento entrevistou 1.461 pessoas com mais de 18 anos, entre 2 e 4 de dezembro, e revelou que essas despesas impactam 85% das famílias com filhos em idade escolar.
Na região de Venda Nova, Carla Ferreira relata o impacto no orçamento: "Os materiais estão cada vez mais caros. Preciso parcelar as compras, senão não consigo fechar o mês." Já João Oliveira, que também mora no bairro, destaca a dificuldade em equilibrar qualidade e custo: "Mesmo com preços altos, faço questão de materiais de qualidade. É um gasto necessário, mas pesa no bolso."
A pesquisa aponta que 90% das famílias com filhos em escolas públicas e 96% das que possuem filhos em escolas privadas pretendem adquirir materiais escolares para 2025. Os itens mais procurados incluem materiais solicitados pelas escolas (87%), uniformes (72%) e livros didáticos (71%).
O impacto no orçamento é maior na classe C, onde 95% das famílias relatam dificuldades com esses gastos. Entre todas as classes sociais, 38% afirmam que o impacto é muito significativo, enquanto 47% declaram que há algum impacto. Para lidar com isso, 35% das famílias planejam parcelar as compras, índice que sobe para 39% na classe C. Nas classes A e B, 71% pretendem pagar à vista.
A Região Sudeste concentra 46% dos gastos com material escolar, seguida pelo Nordeste (28%). O menor percentual está no Norte, com 5%. Em termos de classe social, a maior parte das despesas está na classe B (R$ 20,3 bilhões) e na classe C (R$ 17,3 bilhões), que juntas somam 76% dos gastos nacionais.
Fatores que elevam os custos
Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os custos com materiais escolares aumentaram devido à inflação, à alta do dólar e aos preços do frete marítimo, especialmente para itens importados como mochilas e estojos. A previsão é de um aumento de 5% a 9% nos preços para 2025.
Sidnei Bergamaschi, presidente da ABFIAE, alerta que os impostos representam até 50% do valor de alguns produtos. A entidade defende a inclusão dos materiais escolares em programas de redução tributária. Além disso, destaca iniciativas como o Programa Material Escolar, que fornece crédito para aquisição de itens escolares em cidades como São Paulo e no Distrito Federal. "Esses programas permitem que alunos de escolas públicas tenham acesso a materiais de qualidade e comprem o que realmente precisam", explicou.
O cenário demonstra o peso crescente desses gastos no orçamento familiar, exigindo planejamento e, em muitos casos, a busca por crédito ou parcelamento para garantir os materiais necessários para o ano letivo.