Dois dos crimes mais chocantes de 2025 em Belo Horizonte uniram, de forma inesperada, seus protagonistas dentro do sistema prisional mineiro. Matteos França Campos, de 32 anos, acusado de matar a própria mãe, a professora Soraya Tatiana Bonfim França, e Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, empresário preso por assassinar o gari Laudemir de Souza Fernandes em uma discussão de trânsito, agora dividem a mesma cela no Presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A medida é uma estratégia para garantir a integridade física de ambos, que sofreram ameaças de morte dentro do sistema carcerário.
O primeiro caso ganhou repercussão em julho, quando Matteos confessou ter assassinado a mãe durante uma discussão motivada por problemas financeiros e dívidas relacionadas a apostas online. O crime, cometido dentro de casa e seguido pela ocultação do corpo, encontrado sob um viaduto em Vespasiano, foi classificado como feminicídio e gerou profunda indignação na sociedade pela brutalidade e pela relação familiar entre vítima e agressor.
Já em agosto, Renê protagonizou outro episódio de violência extrema. Durante a manhã, no bairro Vista Alegre, Zona Oeste de BH, ele se irritou porque o caminhão de coleta de lixo bloqueava parcialmente a rua. Após ameaçar a motorista do veículo, sacou uma pistola calibre .380 e disparou contra Laudemir, atingindo-o nas costelas. O gari, trabalhador conhecido na região, morreu no hospital em decorrência de hemorragia interna. A morte, motivada por um desentendimento banal, provocou revolta popular e reforçou o debate sobre violência e intolerância no trânsito.
A repercussão dos casos foi imediata e intensa, com ampla cobertura da imprensa e forte mobilização nas redes sociais. Ambos foram transferidos para o Presídio de Caeté depois de sofrerem ameaças em outras unidades prisionais. Matteos já havia passado por diferentes presídios antes de chegar a Caeté, enquanto Renê foi levado para a mesma unidade após ter a prisão convertida em preventiva.
Por questões de segurança, a direção do presídio optou por colocá-los juntos em uma cela isolada, longe de outros detentos. Fontes ligadas ao sistema penitenciário afirmam que a medida visa reduzir o risco de ataques, já que ambos se tornaram alvos de hostilidade devido à repercussão negativa e à natureza dos crimes.
Reflexo de uma indignação coletiva
Os casos expõem diferentes faces da violência que assola a capital mineira: no primeiro, um crime doméstico com desfecho trágico; no segundo, a escalada da agressividade no trânsito, com consequências fatais. Apesar das motivações distintas, as duas ocorrências têm pontos em comum: a motivação fútil, a crueldade, a comoção pública e o impacto na sensação de segurança da população.
Para especialistas, a repercussão nacional e a necessidade de medidas excepcionais no sistema carcerário demonstram como determinados crimes, pelo contexto e simbolismo, marcam profundamente o imaginário coletivo e acendem debates sobre comportamento, justiça e punição.